O Futuro do trabalho e políticas públicas
O mundo do trabalho está a mudar a um ritmo cada vez mais intenso por força de
transformações tecnológicas, geopolíticas, sociais, económicas e associadas a diferentes
modos de produção ou acesso a matérias-primas.
Ainda não é possível compreender inteiramente o resultado destas transformações, mas é
possível perspetivar algumas tendências e ter a perceção que as mudanças a que
assistimos são de tal ordem que muitos defendem estarmos perante uma “Quarta
Revolução Industrial”, em que estão em causa processos de mudança em diversas
dimensões, todas elas com impactos diversos e simultâneos, nomeadamente no mundo do
trabalho. A globalização, o envelhecimento da população, a transição energética, a
descarbonização e a economia circular, as relações e os laços sociais, as formas de
comunicação e o uso crescente das tecnologias nas diferentes esferas da vida no
quotidiano são disso exemplo.
As mudanças relacionadas com a própria tecnologia e a forma como o mercado está
organizado vêm, em alguns casos, criar desafios novos, mas também acentuar ou acelerar
tendências estruturais – caso da expansão das plataformas digitais, dos desenvolvimentos
da inteligência artificial, da robótica e automação, não esquecendo as exigências
adicionais que se colocam ao nível da educação, da formação e da qualificação ou do
modo de organização do trabalho, bem como as relações laborais e as condições de
trabalho.
Também as reflexões que remetem para as desigualdades, o diálogo social, a proteção
social e a segurança e saúde no trabalho são inescapáveis, desde logo em sociedades e
economias com cada vez maior peso da tecnologia e onde, muitas vezes associado aos
processos de mudança em curso, assistimos à emergência de novas formas de trabalho,
cada vez mais plurais e cada vez menos típicas, nomeadamente no modo como se
processam ao longo do tempo e no espaço, assim como no tipo de relação estabelecida
entre empregadores e trabalhadores.
A resposta aos desafios colocados por esta nova realidade exige uma abordagem
sistémica, integrada, dinâmica e estratégica, articulando diferentes áreas das políticas
públicas e procurando mobilizar os diferentes instrumentos, envolvendo os parceiros
sociais, as empresas e a sociedade civil.